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O Surgimento da Psicanálise

[caption id="attachment_744" align="alignleft" width=""]Escuta Psicanalítica - Modelo: Rilda - Arte Digital: Henrique Vieira FilhoEsqueleto Mística – Modelo: Rilda – Arte Digital: Henrique Vieira Filho[/caption]

A falta de controle sobre o ato (modo de proceder; conduta), o emocionalismo (exploração de um fato ou matéria capaz de emocionar), a ansiedade (expectativas reais ou imaginárias), o exagero no efeito de impressões sensoriais (estado físico resultante de situações externas por intermédio dos órgãos dos sentidos), e a simulação (disfarce) de diversos comportamentos, foram por longos anos caracterizados como histeria, termo cunhado pelos gregos e profusamente usado por Hipócrates ( 460 a.C. 370  a.C.)  que definiu o estado histérico como sendo decorrente do movimento irregular do sangue do útero para o cérebro, ou seja, um comportamento exclusivo de mulheres.

Escuta Psicanalítica - Modelo: Rilda - Arte Digital: Henrique Vieira Filho

Escuta Psicanalítica - Modelo: Rilda - Arte Digital: Henrique Vieira Filho

A falta de controle sobre o ato (modo de proceder; conduta), o emocionalismo (exploração de um fato ou matéria capaz de emocionar), a ansiedade (expectativas reais ou imaginárias), o exagero no efeito de impressões sensoriais (estado físico resultante de situações externas por intermédio dos órgãos dos sentidos), e a simulação (disfarce) de diversos comportamentos, foram por longos anos caracterizados como histeria, termo cunhado pelos gregos e profusamente usado por Hipócrates ( 460 a.C. 370  a.C.)  que definiu o estado histérico como sendo decorrente do movimento irregular do sangue do útero para o cérebro, ou seja, um comportamento exclusivo de mulheres.

 
Como histeria era considerada de natureza sexual, o casamento era a panacéia para o costume das mulheres. Contudo, várias histéricas foram caçadas como bruxas e pereceram na fogueira.
 
Os defensores da histeria pecado seguiam os ensinamentos gregos, ou seja, a explicação orgânica de que o útero se movimentava pelo corpo físico, mesmo a despeito da explicação já defendida pelo médico francês Philippe Pinel (1745-1826) de que se tratava de uma perturbação mental. 
 
Jean-Paul Marat (1743 – 1793), um suiço que foi médico, filósofo, e cientista que ficou conhecido como uma figura de destaque da Revolução Francesa, em uma visita que fez à Salpêtriére, gritou pateticamente:“ O que é o Hospital Geral? Um inferno de corpos perdidos de dejetos da sociedade, de infra-homens e subcadáveres, cuja única felicidade é a insensibilidade total. O sangue gela-me nas veias só de imaginar em ficar preso aqui por uma noite nestas salas e, repuxando os lábios com desprezo afirmou: Todos sabem que tipos de damas costumam a ser internadas[…] para a correção dos costumes, como se constuma dizer.”1
 
Jean Martin Charcot, médico francês (1825-1893), foi o pioneiro que a partir do ano de 1871 iniciou o estudo da histeria com as mulheres hospitalizadas no hospital da Salpêtriére, concluiu ser a histeria uma doença do sistema nervoso, contudo, não exclusiva das mulheres como afirmavam os gregos e, descreveu a crise característica do ataque completo da histeria:
 
“sucedem-se quatro períodos com a regularidade de um mecanismo:
1. período epileptóide; 
 
2. período dos grande movimentos(contraditórios e ilógicos);
 
3. período das atitudes 
 
passionais(lógicas);
 
4. delírio terminal.”
2
 
Destarte, desde que os seus estudos foram iniciados no século XIX, a histeria tornou-se um tema marcante. Aluno de Charcot por alguns meses, Freud (1856-1939), pesquisou os mecanismos psíquicos da histeria alegando que era uma neurose causada por lembranças reprimidas e, que se caracterizava, por aparecimento súbito e involuntário de distúrbio funcional de origem psíquica, com a consequente agressão emocional, na qual, poderiam ocorrer perturbações dos órgãos do sentido ou do sistema nervoso voluntário, manifestando cegueira, surdez, alterações de sensibilidade e pânico. 
 
Freud era fascinado pelo sistema nervoso central e, suas observações clínicas o levaram a acreditar que os seres humanos são motivados por instintos e impulsos inconscientes que se manifestam de maneiras dissimuladas e são dissociados da mente consciente. Os estudos de Freud foram também impactantes pela ênfase dada à sexualidade e a de que não temos pleno controle de nossos pensamentos e comportamentos. 
 
Segundo o psicoterapeuta britânico Graham Music, “Existia uma concepção diferente da natureza humana quando Freud escrevia no final do século XIX. […] Depois, traços supostamente “vis”, como compulsão sexual desenfreada e egoísmo agressivo, foram considerados pulsões instintivas primárias que precisavam ser “civilizadas”, quando não mantidas a distância ou relegadas ao inconsciente. Há na psicanálise a controvérsia de ser ou não útil continuar pensando em pulsões, mas não há dúvida de que jovens enfrentem situações provocadas por hormônios que eles mal podem controlar. Todos desejam que esses sentimentos passem. Ironicamente, quase sempre se acha que o psicoterapeuta estaria mais inclinado a ajudar os pacientes a aceitar, enfrentar ou assimilar esses estados emocionais assustadores do que ajudá-los a se livrar deles” 3
 
O psicanalista francês Juan-David Nasio pergunta: 
 
“Para onde foram as histéricas de outrora, aqueles mulheres maravilhosas, as Annas O, as Doras[…], todas aqueles mulheres que se tornaram as figuras matriciais de nossa psicanálise? 
 
Foi graças a sua fala que Freud, escutando-as, descobriu uma modalidade nova da relação humana.” 4
 
A fonte da sabedoria sempre foi escuta do cliente e, Freud sabia disso, pois a partir da fala do cliente surgiu a psicanálise. Freud escutava holisticamente, ou seja, estava atento para ouvir e acolher o cliente, sendo certo que a necessidade de compreender e se fazer compreender o conduziram à simplificação, e assim, não havia qualquer preocupação com o relacionamento Freud x cliente, porém, o primeiro aceitava e ao mesmo era capaz de contestar o segundo para evitar uma cumplicidade de admiração mútua.
 
Para saber mais: 
 
www.sinte.com.br/revistaterapiaholistica/ 
 
www.holopedia.com.br
 
1 Sloterdijk Peter. A Árvore Mágica ( o surgimento da psicanálise no ano de 1785). 
 
Tentativa épica com relação à filosofia da psicologia. Rio e Janeiro. LTC- Livros Técnicos 
 
e Científicos Editora Ltda. Casa -Maria Editora. 1a edição.1988.
 
2 Coudray Pierre-Jean(J.P.C.) Lucioni Henry (H.L.) Os 10 Grandes do Inconsciente. 
 
Tipografia Guerra-Viseu/Portugal 1a edição. 1979.
 
3 Music Graham.Conceitos da Psicanálise AFETOS E EMOÇÕES. Edição brasileira 
 
Duetto Editorial, 2005.
 
4 Nasio David-Juan. A Histeria Teoria e clínica psicanalítica. Rio de Janeiro. Jorge Zahar 
 
Editor. 1a edição. 1991.

 

 

>Raimundo Amim Lima Haddad - CRT 38326 - Terapeuta Holístico

Raimundo Amim Lima Haddad – CRT 38326 – Terapeuta Holístico, trabalha com Reiki, Calatonia, I Ching, Florais, Terapia Corporal e Fitoterapia, dentre outras técnicas.

amimhaddad@amimhaddad.com

 

Henrique Vieira Filho Administrator

Henrique Vieira Filho é artista visual, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte, produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTB 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP) e terapeuta holístico (CRT 21001).

http://lattes.cnpq.br/2146716426132854

https://orcid.org/0000-0002-6719-2559

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